IDENY ESCRITOS & TELAS

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5 de outubro de 2009

ASILOS

Em viagem no meio desta semana, passei na frente de um asilo, de uma cidadezinha aqui próxima. Devo ter passado várias vezes por este trajeto, mas desta vez me chamou atenção, porque era exatamente o horário dos anciãos tomarem seu solzinho. Passei devagar, e pude olhar todas as fisionomias, uma por uma, e a impressão que tive é que eles olhavam ou para o nada, ou para dentro de si, mais precisamente para trás. Nem todos estavam sozinhos, alguns se reuniaram para sentar-se junto a outros nos bancos, mas mantinham-se emudecidos, quase todos com o mesmo olhar. Não haviam palavras que se pudessem dizer, nem coisas a admirar... todos os olhares que nao estavam direcionados ao chão, jaziam num vazio doloroso de se ver. Através das janelas abertas no saguão, vi que as senhoras são colocadas todas reunidas em separado dos homens, estavam em frente à janela, nenhuma no pátio tomando sol. Tive impressão que uma delas falava alguma coisa para a outra, ou era para si mesma? "Isolados todos juntos", esperando a morte chegar... O sol nasce e vai embora, e tudo se repete: as horinhas de sol, o movimento das ruas que tanto importa se existe ou não, ninguém olhava para os carros, para os ônibus, para as pessoas que passavam... Era como se eles proprios já não mais existissem para olhar alguma coisa. Esses instantes em que observei o grupo que já viveu e hoje nao vive mais, me deu um aperto no coração , daqueles apertos rasgados... que ferem mesmo, para valer, tentando imaginar o que é sentir o que eles sentem, o que é viver depois de nao terem mais vida? Quem foi mesmo que escreveu o poema " a vida poderia ser ao contrário, começar na morte e acabar num grande orgasmo?"Não sei, mas foi deste poema que lembrei.

6 comentários:

  1. Ah, se todos soubessem que a vida não acaba!

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  2. Amigo Alberto, como poderíamos todos saber que a vida não acaba senão pela fé ou desejo que assim seja?

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  3. Lembrei-me do Benjamin Button, que viveu ao contrário! Aliás, em nossa mente, todos nós vivemos ao contrário.
    A qualidade de vida na velhice é um problema social grave e vai se evidenciar cada vez mais nos próximos anos. A solução para o problema dos idosos não é colocá-los em asilos mas melhorar suas condições de vida junto às famílias. Ninguém quer ir para asilo! Por outro lado, na vida moderna torna-se cada vez mais difícil para as famílias cuidar dos mais velhos.

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  4. Sinto essa dor apertada toda vez que vejo uma pessoa muito idosa, daquelas que mal conseguem andar e esse é um dos motivos por que sou atéia: seguramente um deus que fosse todo poderoso e que tivesse um pouco só de bondade (nem precisava ser muito, um pouco que fosse de bom) não criaria do nada essa coisa terrível, essa pena sem apelo, essa doença sem cura chamada velhice.

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  5. A VIDA AO CONTRÁRIO - TEXTO QUE CITEI NO POST "ASILO",( cujo autor muito se discute, embora maioria afirme ser de autoria de chaplin-
    "A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando... E termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?"
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  6. Com dicas do amigo Luciano da Duvido, cheguei a estas informações sobre o discutido texto...
    http://comoutrosolhos.multiply.com/journal/item/52
    Vale conhecer a pesquisa.

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