Ateus fazem campanha para mostrar que são vítimas de preconceito
“Somos a encarnação do mal para grande parte da sociedade”, diz presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA)
A campanha era para ser veiculada na parte traseira dos ônibus, mas empresas de São Paulo, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre se recusaram a fazê-lo. A saída foi utilizar outdoors. Pelo menos em Porto Alegre, que desde o começo do mês é a primeira cidade brasileira a exibir uma campanha que defende que ateus são vítimas de preconceito.
Afinal, o que há de tão problemático com os anúncios? De acordo com Daniel Sottomaior, presidente da organização responsável pela campanha, o que incomoda é o conteúdo. Ele diz que as mensagens foram feitas com o objetivo de conscientizar a população de que o ateísmo pode conviver com outras religiões e não deve ser encarado como uma deficiência moral. “Todos os grupos que sofrem algum tipo de preconceito procuram fazer campanhas educativas para tentar minimizar o problema. Foi o que fizemos”, afirma.
Diante das mensagens veiculadas nos outdoors, as reações foram variadas. “Foram interpretadas como provocação por alguns grupos religiosos. Além disso, muitos acharam de mau gosto ou preconceituoso. Acho que isso foi coisa de quem não entendeu ou não quis entender”, diz. Daniel diz que seu objetivo é mostrar que ser ateu é difícil. “As pessoas ficam chocadas quando você revela que não acredita em um deus. Muitos chegam a perder emprego e, principalmente, amigos”.
Punição
Para o sociólogo americano e estudioso das religiões Phil Zuckerman o ateísmo ainda é fonte de muito preconceito. Segundo ele, ateus sofrem até mesmo perseguições. “Mesmo atualmente, em algumas nações, ser ateu é passível de punição com pena de morte. Nos Estados Unidos existe um forte estigma em ser ateu, principalmente no sul, onde a religiosidade é mais forte”, conta.
No Brasil, um país laico, a intolerância pode aparecer nas situações mais improváveis. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais Vera Lucia Menezes de Oliveira e Paiva perdeu um filho de dois anos, atropelado. Diante do sofrimento da família no velório da criança, Vera escutou uma frase que a deixou bastante magoada. “Uma amiga me disse: ‘Quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé?’. Isso apenas reforçou minha convicção de que eu não queria acreditar em nenhum deus que pudesse levar o meu filho inocente”, revela.
Apesar de tudo, Vera afirma que não se perturba com comentários acerca de sua escolha. “Acho natural que uma pessoa religiosa queira demonstrar sua fé. Entendo e convivo com pessoas bastante religiosas sem problema algum. Só não gosto quando ficam argumentando sobre o quanto é maravilhoso acreditar em Deus. Tenho direito a ter minha crença pessoal.Ou a falta dela.”
Daniel diz que atitudes como estas, vindas de amigos e familiares, fazem com que ateus não “saiam do armário”. Ele afirma que esta expressão, usada inicialmente para descrever homossexuais que ainda não se assumiram, encaixa-se perfeitamente no momento pelo qual o ateísmo vem passando. “Estamos atrasados uns 30 anos em relação à luta contra o preconceito, se compararmos com homossexuais ou negros. Sou bastante cético, mas tenho a esperança de que possamos alcançar o mesmo patamar daqui a algumas décadas”, revela.
Exagero
Há quem veja afirmações como as dada por Daniel como exagero. O filósofo Luiz Felipe Pondé, professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), considera ações como as desenvolvidas pela ATEA como marketing. “O preconceito diminuiu muito, principalmente nos meios universitários e empresariais. Acho a comparação de ateus com negros e homossexuais um exagero. Tem um pouco de marketing aí.”
Pondé admite que muitas pessoas ainda têm dificuldade em enxergar a possibilidade de uma vida sem um deus. “Muitos associam moral pública à religião. Isso também é um absurdo. Pessoas matam umas as outras acreditando ou não em Deus. O que acontece é que muitos ateus ficam alardeando coisas assim, mas acho que hoje o cenário já é bem diferente”, afirma.
Apesar de não ser tão enfático, Zuckerman admite que em alguns lugares do mundo o ateísmo não é mais visto como algo depreciativo. “Em muitas sociedades, como no Canadá e na Suíça, ser ateu não tem nada de mais. A Austrália, por exemplo, tem um primeiro-ministro ateu. Cada país tem uma dinâmica diferente.”
Foto: Divulgação
Uma das peças da campanha que acontece em Porto Alegre
Diante das mensagens veiculadas nos outdoors, as reações foram variadas. “Foram interpretadas como provocação por alguns grupos religiosos. Além disso, muitos acharam de mau gosto ou preconceituoso. Acho que isso foi coisa de quem não entendeu ou não quis entender”, diz. Daniel diz que seu objetivo é mostrar que ser ateu é difícil. “As pessoas ficam chocadas quando você revela que não acredita em um deus. Muitos chegam a perder emprego e, principalmente, amigos”.
Punição
Para o sociólogo americano e estudioso das religiões Phil Zuckerman o ateísmo ainda é fonte de muito preconceito. Segundo ele, ateus sofrem até mesmo perseguições. “Mesmo atualmente, em algumas nações, ser ateu é passível de punição com pena de morte. Nos Estados Unidos existe um forte estigma em ser ateu, principalmente no sul, onde a religiosidade é mais forte”, conta.
No Brasil, um país laico, a intolerância pode aparecer nas situações mais improváveis. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais Vera Lucia Menezes de Oliveira e Paiva perdeu um filho de dois anos, atropelado. Diante do sofrimento da família no velório da criança, Vera escutou uma frase que a deixou bastante magoada. “Uma amiga me disse: ‘Quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé?’. Isso apenas reforçou minha convicção de que eu não queria acreditar em nenhum deus que pudesse levar o meu filho inocente”, revela.
A intenção da organização é chamar a atenção para o preconceito contra ateus - Foto: Divulgação
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Apesar de tudo, Vera afirma que não se perturba com comentários acerca de sua escolha. “Acho natural que uma pessoa religiosa queira demonstrar sua fé. Entendo e convivo com pessoas bastante religiosas sem problema algum. Só não gosto quando ficam argumentando sobre o quanto é maravilhoso acreditar em Deus. Tenho direito a ter minha crença pessoal.Ou a falta dela.”
Daniel diz que atitudes como estas, vindas de amigos e familiares, fazem com que ateus não “saiam do armário”. Ele afirma que esta expressão, usada inicialmente para descrever homossexuais que ainda não se assumiram, encaixa-se perfeitamente no momento pelo qual o ateísmo vem passando. “Estamos atrasados uns 30 anos em relação à luta contra o preconceito, se compararmos com homossexuais ou negros. Sou bastante cético, mas tenho a esperança de que possamos alcançar o mesmo patamar daqui a algumas décadas”, revela.
Exagero
Há quem veja afirmações como as dada por Daniel como exagero. O filósofo Luiz Felipe Pondé, professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), considera ações como as desenvolvidas pela ATEA como marketing. “O preconceito diminuiu muito, principalmente nos meios universitários e empresariais. Acho a comparação de ateus com negros e homossexuais um exagero. Tem um pouco de marketing aí.”
Pondé admite que muitas pessoas ainda têm dificuldade em enxergar a possibilidade de uma vida sem um deus. “Muitos associam moral pública à religião. Isso também é um absurdo. Pessoas matam umas as outras acreditando ou não em Deus. O que acontece é que muitos ateus ficam alardeando coisas assim, mas acho que hoje o cenário já é bem diferente”, afirma.
Apesar de não ser tão enfático, Zuckerman admite que em alguns lugares do mundo o ateísmo não é mais visto como algo depreciativo. “Em muitas sociedades, como no Canadá e na Suíça, ser ateu não tem nada de mais. A Austrália, por exemplo, tem um primeiro-ministro ateu. Cada país tem uma dinâmica diferente.”
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Ronaldo | 01/08/2011 11:59
Apesar da controvérsia, estou muito contente pelo assunto ter sido tratado (ser ateu ou agnóstico). Isto já é POSITIVO.\nAdequada ou não, pelo menos agora existe uma discussão, o que é muito raro. Em geral é como se o ateísmo não existisse. Diz-se que são somente 5% no mundo inteiro. Não sei ao certo. Mas mesmo que fosse uma única pessoa, é preciso reconhecer que tal condição existe!!\nParabéns a todos, “deuístas” ou não.\n
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DC | 30/07/2011 20:26
A VERDADE VERDADEIRA É QUE A GRANDE QUANTIDADE DOS DEUSES, EXISTEM NAS CABEÇAS DE QUEM QUER QUE ELES EXISTAM. POR EXEMPLO: JEOVÁ, ALÁ, GANECHE, BRAMA,SHIVA, VISHNOU, KUAN YIN E OUTROS MILHARES NAS CABEÇAS DOS HUMANOS. \n\nLER RICHARD DAWKINS, SAN HARRIS, DANIEL DENNETT E CHRISTOPHER HITCHENS SERIA ÓTIMO PARA OS PARANÓICOS-OBSESSIVOS.
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Roberto Cristino | 30/07/2011 19:29
As frases, as máximas, nos outdoors, são muito inteligentes, originais e criativas. São tão contundentes e pesadas, pela probabilidade de verdade ou da própria verdade que elas trazem, e perigosas pela revolução cultural que elas podem causar, que é até constrangedor ou prejudicial comentá-las com uma pessoa amiga crente, que não tenha muito senso crítico.
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Roberto Cristino | 30/07/2011 19:28
As frases, as máximas, nos outdoors, são muito inteligentes, originais e criativas. São tão contundentes e pesadas, pela probabilidade de verdade ou da própria verdade que elas trazem, e perigosas pela revolução cultural que elas podem causar, que é até constrangedor ou prejudicial comentá-las com uma pessoa amiga crente, que não tenha muito senso crítico.
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Sonia R. de Castro | 30/07/2011 19:08
Seres humanos realizaram os ataques de onze de setembro, o holocausto e ainda praticam pedofilia, exploração de pessoas desfavorecidas e todo o tipo de crueldade. \nJamais ouso questionar um Deus maravilhoso, que, apesar de nossa natureza má, concede a todos indistintamente a chance de evoluir neste mundo. \nA fé, no entanto, admite perguntas, sim. Os evangelhos registram muitos questionamento, feitos até Jesus Cristo. Ainda assim, Deus não o abandonou.\nLamento pelas peças publicitárias cruéis e preconceituosas contra a fé. \nSe Hitler tivesse verdadeira fé em Jesus Cristo e no Deus de Abraão, Isac e Jacó, jamais teria praticado o mal. Basta ler um único parágrafo dos evangelhos para compreender isso.
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Sonia R. de Castro | 30/07/2011 19:06
Seres humanos realizaram os ataques de onze de setembro, o holocausto e ainda praticam pedofilia, exploração de pessoas desfavorecidas e todo o tipo de crueldade. \nJamais ouso questionar um Deus maravilhoso, que, apesar de nossa natureza má, concede a todos indistintamente a chance de evoluir neste mundo. \nA fé, no entanto, admite perguntas, sim. Os evangelhos registram muitos questionamento, feitos até Jesus Cristo. Ainda assim, Deus não o abandonou.\nLamento pelas peças publicitárias cruéis e preconceituosas contra a fé. \nSe Hitler tivesse verdadeira fé em Jesus Cristo e no Deus de Abraão, Isac e Jacó, jamais teria praticado o mal. Basta ler um único parágrafo dos evangelhos para compreender isso.
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