IDENY ESCRITOS & TELAS

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15 de julho de 2009

Do blog da Errante.

Do blog da Errante. No dia que completei 15 anos, ganhei um bolo abatumado, estava no forno, esperando por mim, quando cheguei da escola. O bolo estava escondido no forno para me fazer surpresa... Surpresa mesmo eu ficaria se tivesse festa... Mas, tadinha, quem fez o bolo, foi uma parenta de minha mãe, anãzinha, que morava num ranchinho de costaneiras, ali perto de casa e vinha sempre ajudar minha mãe. Ela abriu o forno meio querendo e meio nao querendo mostrar, toda alegrinha, por ter lembrado de mim. Não sei se sorri quando vi o bolo, devo ter feito uma carinha de desapontada. Hoje eu sorriria, porque sei que o gesto foi mais bonito que a aparencia do bolinho que nao crescera. À tarde veio minha madrinha. Trouxe um boneco de plástico, destes bem comuns na época, tamanho de um bebê recém-nascido; e justificou: - é para voce aprender a fazer roupinhas de bebê! Devo ter feito a mesma carinha que fiz quando vi o bolo murcho! Mas esta, ao contrário da anãzinha que fez o bolo, não teve nenhum gesto digno, a anãzinha no caso, fez como a viuvinha da biblia, deu tudo que tinha, e tudo que ela tinha era a vontade de me agradar, eu que nao reconheci isto na época; e esta madrinha, me desse pelo menos uma bijux, um vidro de perfume, algo que uma mocinha poderia gostar. Não me conformo que quando uma pessoa nao quer gastar um pouquinho mais, compre qualquer coisa. Ora, melhor seria nao ter dado nada, assim nem entraria na minha estória como uma lembrança tao ruim... Não lembro de minha mãe ter feito alguma coisa, o bolo me parece que foi iniciativa desta anãzinha, que me conhecia desde que nasci. Ah, sim, claro, mas os ingredientes do bolo eram de minha mãe... está certo!... Não tive festa de quinze anos, não debutei, verdadeira gata borralheira, que no entanto, continuou gata borralheira para sempre: Não tive vestido de noiva, casamento na igreja; nenhum destes sonhos bobos, ora, quem se importa? Pois é, eu nao me importava... Hoje, que pensando nisto, parece que me importo um pouco mais... Cheguei ainda a brincar com o bonecão de plástico algumas vezes. Seria uma pena desperdiçar alguma coisa, qualquer coisa que estivesse fazendo o favor de ser-me acessível... Argh, as vezes a vida parece com cheiro de boneco de plástico e gosto de bolo abatumado! Boneco de plástico não é mau, se nao for presente de madrinha aos 15 anos... e o bolo abatumado eu vou esquecer, vou lembrar só do gesto da anãzinha, toda apressada batendo a massa para me fazer a surpresa...

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