19 de fevereiro de 2009
O suicida feliz - Ideny D. Freitas.
A noite estava fresca, nunca se sentira tão bem.
As pessoas que cometem suicídio geralmente estão no auge de um profundo desespero, enterradas até o topo da cabeça de tanta tristeza ou amargura. Mas nao era o caso do suicida da nossa estória.
Abriu a porta e inalou o ar fresco da noite. Que delícia encher os pulmões com este ar perfumado! Já estivera triste muitas vezes, mas agora não. Agora sentia prazer em respirar e sentir a vida. Nunca os passaros cantaram tão bonito ao entardecer, os grilos nunca lhe pareceram tão harmoniosos, quantas criaturas pulsando vida!
Sempre quis morrer num dia assim: sentindo alegria e felicidade,e não com o peito cheio de tristeza e o corpo se contorcendo de dores. Não seria um bom fim.
O final de tudo deveria ser glorioso, magnifico como nesta noite, que nunca se sentira tão bem.
Inalou mais uma vez o ar fresco e cheiroso da noite, ouviu todos os rumores de ao redor, e pensou: "sim, estou me sentindo muito feliz! Assim que gostaria de me sentir sempre. Ah, se todos os seres, todas as criaturas gozassem desta paz e harmonia de uma forma constante.Que paraíso!"
Feliz, feliz, como achou que todas as criaturas deviam ser, deitou-se na grama fria e cheirosa e admirou o céu... numa tentativa de sentir um prazer cada vez maior lhe inundando o ser. E foi nesta alegria que levantou-se dali, subiu na árvore em que esteve deitado sorvendo a felicidade, enrolou tranquilamente, como num ritual sagrado, a corda pelo galho mais grosso, fez o nó, enfiou a corda no pescoço, deu uma última olhada para toda aquela maravilha de natureza, e numa felicidade indizível, pôs fim à vida, enquanto ainda se sentia feliz!
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p.s. Relendo agora, constatei que, Michael Jakson comprovou que há uma forma de morrer legal num dia feliz... DEMEROL!
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