28 de janeiro de 2009
Unha Encravada - conto de Idenydfreitas
Unha Encravada
Não adianta, quem tem, tem...
Você corta, apara, desencrava e acha que ficou até legalzinha... aí voce pensa: eu e esta
unha agora vamos poder ser amigas...
Qual nada... mais dia, menos dia , ela encrava de novo, não tem jeito!
A irmã dele lhe perguntou: -Para que serve isto?( se referiu a um, dos muitos livros de
Filosofia da estante, que ele tinha nas mãos) Ele estava quietinho, na dele, apenas passava
por ela com o livro na mão...
Ele a olhou, nao respondeu. Acho que nao respondeu, se respondeu, resmungou. Mas nada que
fosse audível, inteligível da posição de onde eu estava observando.E fez bem em poupá-la da
resposta...
Quem tem a capacidade de entender a resposta de uma pergunta como esta, não precisa
fazê-la...
Esta foi a primeira "cutucada" da unha... Você está vendo que vai inflamar...porque dá umas agulhadinhas, aí vc dá umas afastadinhas nela... Mas unha encravada é o cão... persistente que nem o diabo. Cutuca que cutuca...enquanto não entra na carne não está bom.
Interessante que, quem tem senso, não fica criticando o que o outro lê, os costumes que o
outro tem ou nao tem, principalmente se estiver dentro da casa deste outro... Pelo menos,
quando a visitamos, deixamos nossas opiniões pelo lado de fora da porta, casa dos outros é
sagrada, se deve respeitar. Mas unha encravada é unha encravada... Incomoda só pelo prazer
de incomodar.
Claro que, se vc pega um livro de filosofia, nele há citações, que te remetem, se vc é um
pesquisador ou curioso ou está simplesmente imbuído do intuíto de se inteirar do assunto, a
novas pesquisas. Falou em pesquisa, falou de internet... então vc vai procurar os nomes
citados, os livros citados, etc... e então passa de novo a pentelha pela sala, esta mesma:
"a unha encravada", e diz:
- nossa, vc nao sai da frente do computador! O que tanto vc faz aí? Quando nao está com o
livro na mão, está na internet!!! Lembrando: era dia de folga, do pobre leitor e
internauta... talvez ele poderia, gastar o tempo conforme melhor lhe aprouvesse, ou lendo,
ou pesquisando ou comentando vida alheia... o que seria, esta última posição, mais que
natural à impertinente.
De novo nao se ouve resposta, só o silêncio... se a vítima nao fosse atéia, poderia jurar
que ouvi um gemido mais ou menos assim:" dai-me paciência, senhor, serão por poucos
dias..."!
Esta foi a segunda cutucada da unha encravada, que continuou circulando pela casa dos
anfitriãos, procurando em quê reparar...
É mole?
Continua
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